Em 2022, o Ministério da Saúde atualizou um protocolo da profilaxia de raiva humana que já era bem consolidado e trouxe algumas mudanças importantes. Vamos discorrer sobre os principais tópicos a seguir.
Contato indireto com animais
Assim como nas recomendações anteriores, nenhum contato indireto com qualquer tipo de animal necessitará de profilaxia. No entanto, a nova recomendação mudou um pouco as definições desse contato indireto:
- Tocar ou dar de comer para animais;
- Lambedura em pele íntegra;
- Contato em pele íntegra com secreções ou excreções de animal (ainda que raivoso ou de caso humano).
Acidentes com mamíferos silvestres
Acidentes com morcegos e outros mamíferos silvestres (como micos, macacos, raposas, guaxinins, quatis, gambas, capivaras, felídeos selvagens, javalis, etc), mesmo se domesticados, independente de ser leve ou grave, continuam com a necessidade da realização de vacina e de soro.
Acidentes com mamíferos de interesse econômico
Nesse grupo (bovídeos, equídeos, caprinos, suínos e ovinos) continuam sendo conduzidos de forma semelhante: de acordo com a gravidade.
- Acidentes leves (lambedura de lesões superficiais e ferimento superficial no tronco e nos membros – exceto mãos e pés) têm indicação de vacina;
- Acidentes graves (ferimento nas mucosas, cabeça, mãos e pés; ferimentos múltiplos, extensos ou profundos – podendo ser puntiforme; lambedura de lesões profundas ou de mucosas) é recomendado vacina e soro.
Acidentes com cães e gatos
As maiores mudanças aconteceram nos acidentes com cães e gatos, que agora levam em consideração, logo no início do atendimento, a possibilidade de observação do animal por 10 dias — caso o mesmo esteja sem sinais de raiva no momento da agressão. Se for passível de observação, independente da gravidade do acidente, não será indicado nem vacina nem profilaxia.
Tudo bem que nas recomendações anteriores já existia uma nota de rodapé que sugeria levar em consideração os hábitos dos animais, o risco de doença e a história epidemiológica. Mas isso não fazia parte de nenhum fluxograma ou tabela e, frequentemente, apenas avaliávamos a gravidade do acidente.
De agora em diante, se o animal estiver com sinais sugestivos de raiva, ou se não puder ser observado pelos 10 dias (ou mesmo se morrer ou sumir nesse período), a recomendação continua igual: acidentes leves – vacina; acidentes graves: soro e vacina.
Referências
Profilaxia de Raiva Humana. Ministério da Saúde (2022). Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/r/raiva/imagens/nota-tecnica-n-8_2022-cgzv_deidt_svs_ms.pdf/view>. Acessado em 19/02/2024.