Atualizações no Manejo do Paciente com Diarreia Aguda

Em 2023, o Ministério da Saúde atualizou um protocolo antigo e muito conhecido: Manejo do Paciente com Diarreia. A nova publicação foi feita em parceria com a Sociedade Brasileira de Pediatria e a Sociedade Brasileira de Infectologia e trouxe mudanças importantes nos planos de tratamento. 

Avaliação do estado de hidratação do paciente

Na observação do estado geral o protocolo incluiu a presença de letargia ou o paciente inconsciente para classificá-lo como desidratado grave. Ainda para essa classificação de desidratação grave, olhos fundos passaram a ser um parâmetro (antes se considerava o achado de olhos muito fundos e secos), assim como se acrescentou a observação de boca e língua muito secas. 

No protocolo anterior, pulso rápido ou fraco indicava algum grau de desidratação e isso também mudou. Pulsos fracos ou ausentes agora sinaliza uma desidratação grave.

Além disso, houve o acréscimo da indicação de se explorar a perda de peso nesta avaliação do paciente com diarreia. No paciente hidratado a perda de peso está ausente. No entanto, caso seja uma perda de até 10% deve ser considerado como um dos sinais de desidratação, ou de desidratação grave, quando é uma perda de peso superior a 10%.

Planos de tratamento

  •  Plano A (sem desidratação)

As mudanças no plano A foram sutis, com o acréscimo da oferta do soro reidratante oral (SRO) em pequenas quantidades também após os episódios de vômitos. O documento reforça a importância de não oferecer outros líquidos, além do SRO, na criança com diarreia aguda e em aleitamento materno exclusivo.

  • Plano B (desidratação)

No plano B, a mudança principal foi a inclusão daondansetrona (uma dose) quando o paciente persiste com vômitos (exceto gestantes). Anteriormente, nenhum antiemético era recomendado na faixa etária pediátrica. Este plano, aliás, deve acontecer no período de 4 a 6 horas, porém se após as 6 horas iniciais não ocorrer melhora alguma, o encaminhamento para hospital de referência deve ser feito. 

  • Plano C (desidratação grave)

Na fase de expansão, a idade a ser considerada para o tempo de infusão e o volume administrado (100 ml/kg em duas etapas) passou para 1 ano, conforme esquema a seguir:  

Para menores de 1 ano: 

  • Soro fisiológico a 0,9% ou ringer lactato – 30 ml/kg em 1 hora e na segunda etapa soro fisiológico a 0,9% ou ringer lactato – 70 ml/kg em 5 horas

Para maiores de 1 ano:

  • Soro fisiológico a 0,9% ou ringer lactato – 30 ml/kg em 30 minutos e em seguida soro fisiológico a 0,9% ou ringer lactato – 70 ml/kg em 2 horas e 30 minutos

Antibioticoterapia

Nos casos de disenteria, se incluiu azitromicina (10 mg/kg/dia no 1º dia e 5 mg/kg/dia por mais 4 dias) como opção de antibiótico oral para criança até 30 kg ou 10 anos de idade; e ceftriaxona foi mantida para uso intramuscular (50 mg/kg por 3 a 5 dias).

Em maiores de 10 anos ou com peso superior a 30 kg, a recomendação continua sendo ciprofloxacino 500 mg, via oral, 12/12h, por 3 dias.

Zinco

O uso oral de zinco passou a ser limitado até 5 anos de idade, por 10 a 14 dias. A dose diária indicada no protocolo é 10 mg/dia para criança até 6 meses idade e 20 mg/dia para os maiores de 6 meses até os 5 anos.

Referências

Manejo do paciente com diarreia. Ministério da Saúde (2023). Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/d/dtha/publicacoes/manejo-do-paciente-com-diarreia-cartaz/view>. Acessado em 19/02/2024.

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